Por Dione Moura e Alzimar Ramalho em 12/06/2012 na edição 698
Mídia e educação são indissociáveis, por mais que a mídia comercial,
estandardizada, queira desvinculá-las. Ou seja, por mais que a mídia comercial –
leia-se, programas de grande audiência e grande arrecadação publicitária –
queira colocar-se apenas como entretenimento e, assim, abrir mão do impacto
educativo de seus conteúdos.
Contudo, felizmente, sempre houve o espaço da educação popular, da mídia
comunitária, dos projetos de mobilização social. E, no Brasil, os estudos
críticos latino-americanos, vide Paulo Freire e outros relevantes pesquisadores,
muito contribuíram para o acúmulo de experiências e mesmo a criação de uma
escola crítica na condução de projetos de mídia e educação, embora terem sido
tolhidos durante o regime militar.
Instaurado o processo de redemocratização, em fins da década de 80 do século
20, deparamos com um país que tinha perdido muito de sua experiência com
educação popular. A percepção deste cenário serviu de estímulo para retomada de
diversas iniciativas e surgimento de novas, nas quais a aliança mídia-educação
tem sido uma constante. E o quadro da cultura de convergência (JENKIS, 2008)
traz novos desafios para a compreensão e atuação neste cenário, quando se deseja
trabalhar com mídia e educação.
Programas seriados
Na obra Comunicação e Cidadania: conceitos e processos (MOURA et
alli, 2011), resgatam-se algumas experiências relevantes que devem ser
consideradas neste âmbito, as quais apontam sinais de transformações do público,
no comportamento do cidadão, na utilização de dispositivos móveis ou na
apropriação da rádio comunitária por movimentos civis. Contudo, há um grande
campo a ser mapeado no que diz respeito às transformações em curso em um cenário
multimidiático, especialmente quanto às gerações que nasceram sob o signo da
convergência (BRASIL, 2007; UNESCO, 2008; TORRES MORALES, 2008; JACKS,
2010).
A pesquisa aplicada no estágio de pós-doutoramento de Alzimar Ramalho,
supervisionada por Dione Moura, possibilitou-nos avizinhar novos fatores que
devam ser considerados ao momento que pensamos o fenômeno mídia e educação em um
contexto de convergência, das quais podemos elencar a postura de protagonismo
dos jovens em desvendar os artefatos tecnológicos, especialmente os de produção
audiovisual e condensar tais produções com as possibilidades das mídias digitais
interativas. Condensar, inclusive, inserindo-os em processos vinculados à
interface mídia/educação e cidadania, a exemplo do programa DiscurSOS da Mídia,
veiculado pelo laboratório de webtv UnBClick e desenvolvido pelo projeto de
extensão SOS Imprensa, da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília,
que em 2011 completou 15 anos de ininterruptas atividades de leitura crítica da
mídia.
Essa experiência, desenvolvida ao longo de 2011, resultou ainda em outros
três programas seriados (Webjornal da UnBClick e Cedoc FAC) além da produção de
vídeos experimentais de formato unitário (Webdocumentários de 6 minutos e vídeos
teórico-conceituais com duração de 1 a 3 minutos), todos disponíveis em www.youtube.com/unbclick. Sob
orientação das docentes anteriormente citadas, 80 acadêmicos dos cursos de
Jornalismo, Publicidade, Audiovisual, Comunicação organizacional e Letras
exercitaram o protagonismo que ancora os pressupostos teóricos da
mídia/educação; e os resultados demonstram que produção midiática oferece todas
as condições para a intersecção do tripé ensino-pesquisa-extensão no ensino
superior.
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